23.1.08

ontem eu driblei meu regime de diabética e comi um olho-de-sogra, o docinho preferido do meu pai.

tava boooooooooooom! pisquei um olho e dediquei a ele.

10.1.08

pois é, falei do meu pai, lembrei de augusto dos anjos. aos 13 anos decorei um poema dele, versos íntimos. saía declamando aos berros pela casa, para preocupação da minha mãe. meu pai achava graça. depois, lendo não sei aonde, decorei mais um.

A árvore da serra
Augusto dos Anjos

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!


e meu pai me explicou que ele não falava de árvore nenhuma. o poema era sobre a família do augusto dos anjos. uma briga entre os pais, se não me engano.

pesquisei agorinha no google e achei outra versão: a mãe do augusto dos anjos era contra o romance dele com a filha de um vaqueiro que trabalhava na fazenda da família. pois bem, ela mandou darem uma surra na menina, mandou "exemplar", como se dizia, para tirá-la do caminho do filho bacharel. a surra foi tão bem dada que a pobrezinha acabou morrendo. e daí veio a inspiração para este poema.
o pai, a mãe, o filho.


eu escrevo sobre meu pai. mas escrevo mais para mim do que para qualquer outra pessoa. eu escrevo - como na música que a fernanda takai, do pato fu, fez para o pai dela - para ele viver mais. escrevo para que as coisas não se percam. para que eu não o perca uma terceira vez.

então, nessa internet grande de meu deus, eu descobri o blog para francisco. encontro uma mãe que fala pro filho como é que era o pai dele. o pai do francisco morreu antes dele nascer e a mãe, a pequena, vai escrevendo a sua história prá um dia o filho ler. é uma história de amor, linda, triste, cheia de esperança. da mãe que ensina prá gente coisas que eu nem sei dizer.

eu ainda tenho meu pai por aqui, por meio das minhas palavras. o francisco vai ter o pai dele pelas palavras da mãe.

palavras são muito fortes.



Canção Pra Você Viver Mais
Pato Fu


Nunca pensei um dia chegar
E te ouvir dizer:
Não é por mal
Mas vou te fazer chorar
Hoje vou te fazer chorar

Não tenho muito tempo
Tenho medo de ser um só
Tenho medo de ser só um
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Faz um tempo que eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais

Deixei que tudo desaparecesse
E perto do fim
Não pude mais encontrar
O amor ainda estava lá
O amor ainda estava lá

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais (3x)

Uuuuh... uuuhhh... uuuuhh
Uuuuh... uuuhhh... uuuuhh

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Faz um tempo eu quis
Faz um tempo eu quis
Você viver mais (6x)

Uuuuh... uuuhhh... uuuuhh

3.1.08

vi agora num programa de tv uma jovem dizer que o pai foi seu melhor amigo.


meu pai não foi meu melhor amigo, foi meu pai. com seus defeitos e qualidades, com cada uma de suas manias, com todo seu coração, foi meu pai. e dele não esperaria menos do que isso.

meu marido não é meu melhor amigo. é meu marido, com tudo que a palavra engloba. eu não gostaria de casar com um amigo.

meu melhor amigo, minha melhor amiga, não fazem parte da minha família de sangue. eles fazem parte da família maior, a família que se reconhece além de parentescos. a família que nos escolhe, a família que nós escolhemos.


se seu pai é seu melhor amigo, parabéns, sua relação com ele é única e diferente da minha. da mesma maneira que a minha relação com meu pai foi única e diferente da relação dele com minhas irmãs.