10.1.08

pois é, falei do meu pai, lembrei de augusto dos anjos. aos 13 anos decorei um poema dele, versos íntimos. saía declamando aos berros pela casa, para preocupação da minha mãe. meu pai achava graça. depois, lendo não sei aonde, decorei mais um.

A árvore da serra
Augusto dos Anjos

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!


e meu pai me explicou que ele não falava de árvore nenhuma. o poema era sobre a família do augusto dos anjos. uma briga entre os pais, se não me engano.

pesquisei agorinha no google e achei outra versão: a mãe do augusto dos anjos era contra o romance dele com a filha de um vaqueiro que trabalhava na fazenda da família. pois bem, ela mandou darem uma surra na menina, mandou "exemplar", como se dizia, para tirá-la do caminho do filho bacharel. a surra foi tão bem dada que a pobrezinha acabou morrendo. e daí veio a inspiração para este poema.