eu vou falar duma coisa que eu não falo aqui: raiva.
quem me lê aqui, tão serena, apesar de saudosa, não sabe de tanta raiva que eu tive. e do medo. e da dor.
só que eu não sabia lidar com medo e dor, quando papai adoeceu. eu tinha 16, 17 anos. eu só sabia ter raiva. e tive muita raiva. bati muita porta, dei muito grito e, de vez em quando, chorava baixinho atrás da porta do meu quarto.
se ele tivesse feito a cirurgia que o médico mandou.
se ele tivesse emagrecido.
se ele tivesse largado o cigarro.
se ele tivesse feito exercícios.
se ele tivesse duas rodas seria uma bicicleta.
papai viveu a vida dele como quis. certo ou errado, viveu do jeito que escolheu. caberia a mim, sua filha, mandar nele para que ele vivesse mais? caberia ele aceitar médico mandando nele, domando suas vontades, em troca de 20, 30 anos a mais?
isso só ele saberia responder.
da minha parte, humildemente, aviso que não sou anjo de candura e não foi fácil transformar a dor e o medo da vida sem ele num blog que fala de amor.
não foi nada fácil.
não é fácil deixar o egoísmo de lado (ele tinha que se cuidar para cuidar de mim!) e respeitar o que um homem maior de idade e vacinado escolheu para sua vida.
mas lamento. isso eu lamento. 60 anos foi muito pouco. 17 anos de pai foi muito pouco. mas foi o que tinha que ser. foi completo, foi íntegro. meu pai amoroso, brincalhão, teimoso, briguento, mandão, explosivo, carinhoso, engraçado, irresponsável, o que fosse.
só digo que não foi fácil. não é fácil. não sou diferente nem melhor do que ninguém e esse é só o meu jeito.
mas que eu preferia que ele estivesse aqui, ah, preferia. você tem alguma dúvida?
quem me lê aqui, tão serena, apesar de saudosa, não sabe de tanta raiva que eu tive. e do medo. e da dor.
só que eu não sabia lidar com medo e dor, quando papai adoeceu. eu tinha 16, 17 anos. eu só sabia ter raiva. e tive muita raiva. bati muita porta, dei muito grito e, de vez em quando, chorava baixinho atrás da porta do meu quarto.
se ele tivesse feito a cirurgia que o médico mandou.
se ele tivesse emagrecido.
se ele tivesse largado o cigarro.
se ele tivesse feito exercícios.
se ele tivesse duas rodas seria uma bicicleta.
papai viveu a vida dele como quis. certo ou errado, viveu do jeito que escolheu. caberia a mim, sua filha, mandar nele para que ele vivesse mais? caberia ele aceitar médico mandando nele, domando suas vontades, em troca de 20, 30 anos a mais?
isso só ele saberia responder.
da minha parte, humildemente, aviso que não sou anjo de candura e não foi fácil transformar a dor e o medo da vida sem ele num blog que fala de amor.
não foi nada fácil.
não é fácil deixar o egoísmo de lado (ele tinha que se cuidar para cuidar de mim!) e respeitar o que um homem maior de idade e vacinado escolheu para sua vida.
mas lamento. isso eu lamento. 60 anos foi muito pouco. 17 anos de pai foi muito pouco. mas foi o que tinha que ser. foi completo, foi íntegro. meu pai amoroso, brincalhão, teimoso, briguento, mandão, explosivo, carinhoso, engraçado, irresponsável, o que fosse.
só digo que não foi fácil. não é fácil. não sou diferente nem melhor do que ninguém e esse é só o meu jeito.
mas que eu preferia que ele estivesse aqui, ah, preferia. você tem alguma dúvida?
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