11.6.08

Pai, eu tenho novas amigas. As que eram minhas amigas naquele tempo continuam sendo, só que dum jeito mais afastado. Mas é sobre duas novas amigas minhas que eu quero falar.

E por isso falo direto para você, e não sobre você.

A Mani, pai. Eu vejo vocês dois na mesa de mármore lá de casa, conversando, fumando e tomando infindáveis cafezinhos. Eu ouço suas risadas com ela. Ela é promotora e cearense. Pai, o senhor ia adorar a Mani. Eu tenho tanta certeza disso que gosto mais dela por sua causa.

E tem a Helga. A Helga hoje me deixou emocionada prá caramba: ela me deu três coletâneas da Luluzinha. Em preto-e-branco, pai, historinhas maravilhosas que me fizeram rir sozinha e o Fred perguntar lá da sala por que eu tava rindo.

A Helga me deu de presente um pedacinho da gente, pai. O senhor adorava Luluzinha e Bolinha, e comprava dizendo que era para mim, e era, mas o senhor lia e nem lia escondido.

Tenho tantas amigas novas, pai. A todas elas o senhor diria para fazer Direito, ou perguntaria por que não fez direito, menina. O senhor ia tomar café com elas, rir, falar coisas sérias. Susana tá fazendo concurso para promotora, pai. E este ano ela faz quarenta anos. Quando o senhor adoeceu ela tinha pouco mais de dezenove.