sonhei com papai.
primeiro acontecia muita coisa. era assim:
eu estava numa rodoviária. ia comprar o bilhete de metrô que precisava para poder chegar na parte do embarque. e não conseguia. ninguém dizia onde era, as informações eram desencontradas, eu ficava irritada pq ia perder o horário da viagem.
começava a gritar. chamavam a segurança. dois guardas (duas guardas?) me abordavam. uma com um revólver, uma com um fuzil. eu ia desmaiando lentamente.
eu acordava do desmaio. alguma coisa tinha acontecido, mas agora eu não lembro.
eu tinha perdido meu ônibus e minhas malas estavam num depósito.
eu seguia para o guichê para pegar minhas malas de volta. era muito difícl chegar lá. caminhos muito complicados dentro da rodoviária. e lá uma mulher mal-humorada dizia que ia custar 900 reais para eu tirar as malas do depósito.
eu ficava preocupada e assustada. com 900 reais, eu argumentava, eu comprava roupas novas. mas ficava pensando em como arrumar esse dinheiro, e ia andando pela rodoviária.
eu via meu pai, de terno e gravata.
eu ia falar com ele sabendo que ele era meu pai, mas não demonstrava. eu ia pedir um conselho, me dirigindo a ele como advogado, para saber o que fazer para não pagar aquela taxa abusiva.
de repente ele sorria, me reconhecia, eu me sentia à vontade para reconhecê-lo também. ele me abraçava, eu o abraçava também, mas abraçava menos forte porque eu queria sentir o cheiro dele, eu respirava bem fundo e não conseguia sentir o cheiro dele...
e nisso acordei, com o despertador tocando.
o cheiro dele era uma coisa especial para mim. quando eu era criança eu notei que todo mundo tinha um cheiro específico lá em casa, menos eu. e quando ele adoeceu, eu abria o guarda-roupa e cheirava suas camisas, para matar a saudade. com o tempo, o cheiro foi embora das roupas. e da minha memória também, pelo visto.
mas a memória do cheiro não foi.
primeiro acontecia muita coisa. era assim:
eu estava numa rodoviária. ia comprar o bilhete de metrô que precisava para poder chegar na parte do embarque. e não conseguia. ninguém dizia onde era, as informações eram desencontradas, eu ficava irritada pq ia perder o horário da viagem.
começava a gritar. chamavam a segurança. dois guardas (duas guardas?) me abordavam. uma com um revólver, uma com um fuzil. eu ia desmaiando lentamente.
eu acordava do desmaio. alguma coisa tinha acontecido, mas agora eu não lembro.
eu tinha perdido meu ônibus e minhas malas estavam num depósito.
eu seguia para o guichê para pegar minhas malas de volta. era muito difícl chegar lá. caminhos muito complicados dentro da rodoviária. e lá uma mulher mal-humorada dizia que ia custar 900 reais para eu tirar as malas do depósito.
eu ficava preocupada e assustada. com 900 reais, eu argumentava, eu comprava roupas novas. mas ficava pensando em como arrumar esse dinheiro, e ia andando pela rodoviária.
eu via meu pai, de terno e gravata.
eu ia falar com ele sabendo que ele era meu pai, mas não demonstrava. eu ia pedir um conselho, me dirigindo a ele como advogado, para saber o que fazer para não pagar aquela taxa abusiva.
de repente ele sorria, me reconhecia, eu me sentia à vontade para reconhecê-lo também. ele me abraçava, eu o abraçava também, mas abraçava menos forte porque eu queria sentir o cheiro dele, eu respirava bem fundo e não conseguia sentir o cheiro dele...
e nisso acordei, com o despertador tocando.
o cheiro dele era uma coisa especial para mim. quando eu era criança eu notei que todo mundo tinha um cheiro específico lá em casa, menos eu. e quando ele adoeceu, eu abria o guarda-roupa e cheirava suas camisas, para matar a saudade. com o tempo, o cheiro foi embora das roupas. e da minha memória também, pelo visto.
mas a memória do cheiro não foi.
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