hoje seria a festa de 80 anos do meu pai.
hoje faz 20 anos da última festa de aniversário dele, com o bolo onde ele mandou escrever "60 anos de sombra e água fresca", explicando para todo mundo ouvir - "os próximos!"
passei o dia pensando na sua festa de 80 anos, pai.
no bolo, na comida, na bebida. se seria almoço ou jantar, em casa ou no salão de festas do prédio. pensei nos amigos chegando, no terno que o senhor ia usar, se ia usar abotoadura ou não (abotoadura é a sua cara, pai). pensei nas flores, nos presentes. na família reunida, nas picuinhas, nas arengas. na casa cheia, nos sorrisos, nas fotos.
e se o bolo teria algo escrito.
tantos amigos seus já morreram, pai. tanta criança nasceu. eu olho para trás e me vejo aos dezesseis no seu último aniversário. e olhando aquela menina cantando parabéns eu não me surpreendo ao concluir que mudei tão pouco. vinte anos a mais nos costados e o povo já me chama de senhora, tenho cabelos curtos que já apresentam uma mecha branca e uma ruga no canto da boca.
mas ainda sou sua caçulinha, sua ponta de rama, sua menina dolorida de saudade do seu riso, da sua bronca, do seu carinho e até do cheiro do seu cigarro.
até o cachorro que a gente tinha já morreu, pai. a craúna também. mas esse amor que eu sinto compete todos os dias com a falta que o senhor faz para ver quem cresce mais.
feliz 80 anos, pai. o senhor seria um velhinho muito legal. mais mandão, mais chato, mais implicante, mais brincalhão, mais carinhoso e mais babão pelos netos do que nunca. e estaria aqui para receber meu abraço, meu beijo, meu amor e meu imenso orgulho de ser sua filha.
hoje faz 20 anos da última festa de aniversário dele, com o bolo onde ele mandou escrever "60 anos de sombra e água fresca", explicando para todo mundo ouvir - "os próximos!"
passei o dia pensando na sua festa de 80 anos, pai.
no bolo, na comida, na bebida. se seria almoço ou jantar, em casa ou no salão de festas do prédio. pensei nos amigos chegando, no terno que o senhor ia usar, se ia usar abotoadura ou não (abotoadura é a sua cara, pai). pensei nas flores, nos presentes. na família reunida, nas picuinhas, nas arengas. na casa cheia, nos sorrisos, nas fotos.
e se o bolo teria algo escrito.
tantos amigos seus já morreram, pai. tanta criança nasceu. eu olho para trás e me vejo aos dezesseis no seu último aniversário. e olhando aquela menina cantando parabéns eu não me surpreendo ao concluir que mudei tão pouco. vinte anos a mais nos costados e o povo já me chama de senhora, tenho cabelos curtos que já apresentam uma mecha branca e uma ruga no canto da boca.
mas ainda sou sua caçulinha, sua ponta de rama, sua menina dolorida de saudade do seu riso, da sua bronca, do seu carinho e até do cheiro do seu cigarro.
até o cachorro que a gente tinha já morreu, pai. a craúna também. mas esse amor que eu sinto compete todos os dias com a falta que o senhor faz para ver quem cresce mais.
feliz 80 anos, pai. o senhor seria um velhinho muito legal. mais mandão, mais chato, mais implicante, mais brincalhão, mais carinhoso e mais babão pelos netos do que nunca. e estaria aqui para receber meu abraço, meu beijo, meu amor e meu imenso orgulho de ser sua filha.
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