12.3.04

bati de frente com uma emoção

quando vim de recife pro rio, trouxe um bocado de fita cassete comigo. uma delas era uma gravação feita comigo, aos quatro anos de idade. estava muito danificada, e há alguns meses eu a mandei para um amigo tratar o som no computador.
hoje, quando falei com ele, ele me deu uma palhinha da fita.
ouvi minha voz bem fininha cantando uma música que dizia "bem-te-vi, bem-te-vi" e uma voz grossa me perguntando alguma coisa que eu não entendi o que era.

parei, gelada.
era a voz do meu pai.


não há registros da voz dele. não há filmes gravados em vídeo. e, de repente, lá de 1974, meu pai me perguntou alguma coisa que eu não entendi porque desabei num choro de saudade e felicidade.

rima fraca, reconheço, mas a mais pura verdade. chorei de feliz, de emoção, por ter ouvido a voz dele, moço ainda, quarenta e tantos, na casa da gente em paudalho, no interior de pernambuco.

e eu cantando a música do bem-te-vi.