ele me deu muita coisa.
ele nem sabe.
e eu vou descobrindo aos poucos que no meu sangue corre o sangue dele. que meu pai está em muito do que sou.
e sinto falta dele. e procuro vê-lo como um homem com certezas e dúvidas, e erros e acertos, e medos que não admitia.
não quero meu pai um homem perfeito, pois não era. e sua beleza estava na sua imperfeição. ele não foi nada mais nada menos que um homem. um homem de sua geração, um homem machista, mandão, às vezes um menino dentro de ternos e responsabilidades. um homem sonhador. um homem que escrevia contos e poemas. um homem que gostava de ser autoridade. um homem que foi um avô babão. um homem que gostava de dar presentes. um homem que dizia não só pelo gosto de ter autoridade de dizer não. um homem que não se cuidou como devia, para viver mais e sorrir mais e ver as crianças crescerem. um homem que implicava como ninguém e que tinha um coração que podia ser imenso ou pequenininho, só bastava que ele se sentisse ofendido. que achasse que não lhe davam a devida importância, o devido respeito. e às vezes, muitas vezes, brigava com duas filhas e passava um tempo só gostando de uma. um homem que cuidava com carinho da mulher. um homem que era cabeça-dura e tinha vida dupla. um homem que dizia não pode. um homem que dava lições de moral. um homem que tinha uma conversa boa, que dava para esquecer que era meu pai quem falava. um homem que gostava de implicar com minha mãe só para ver a sua irritação, para no instante seguinte dizer que estava brincando. um homem que gostava de fazer feira e trazer coisas bonitas para enfeitar a casa. um homem cheio de manias. um homem de sessenta anos que parecia ter dezesseis. um homem que morreu sem nunca ter lavado um prato na vida. um homem que queria almoço na mesa quando chegava. que ficava sentado no chão, de pijama, fumando e bebendo cafezinho em xícara de café grande. que tinha cabelo ralinho, bom de passar a mão. que lia luluzinha e bolinha. um homem que me amou muito. que teve tempo para mim. que me contou histórias, que me botou para dormir, que escolhia minhas roupas, que não me deixava ir ao cinema com as amigas e que não gostou quando eu comecei a namorar. e que tinha orgulho do que eu escrevia. que penteou o meu cabelo, um dia de tarde. que disse que eu era bonita.
um homem marcado a ferro, fogo e saudade no meu coração. mas acima de tudo, um homem: meu pai.
nem menos, nem mais. imperfeito, teimoso, maravilhoso, amado.
ele nem sabe.
e eu vou descobrindo aos poucos que no meu sangue corre o sangue dele. que meu pai está em muito do que sou.
e sinto falta dele. e procuro vê-lo como um homem com certezas e dúvidas, e erros e acertos, e medos que não admitia.
não quero meu pai um homem perfeito, pois não era. e sua beleza estava na sua imperfeição. ele não foi nada mais nada menos que um homem. um homem de sua geração, um homem machista, mandão, às vezes um menino dentro de ternos e responsabilidades. um homem sonhador. um homem que escrevia contos e poemas. um homem que gostava de ser autoridade. um homem que foi um avô babão. um homem que gostava de dar presentes. um homem que dizia não só pelo gosto de ter autoridade de dizer não. um homem que não se cuidou como devia, para viver mais e sorrir mais e ver as crianças crescerem. um homem que implicava como ninguém e que tinha um coração que podia ser imenso ou pequenininho, só bastava que ele se sentisse ofendido. que achasse que não lhe davam a devida importância, o devido respeito. e às vezes, muitas vezes, brigava com duas filhas e passava um tempo só gostando de uma. um homem que cuidava com carinho da mulher. um homem que era cabeça-dura e tinha vida dupla. um homem que dizia não pode. um homem que dava lições de moral. um homem que tinha uma conversa boa, que dava para esquecer que era meu pai quem falava. um homem que gostava de implicar com minha mãe só para ver a sua irritação, para no instante seguinte dizer que estava brincando. um homem que gostava de fazer feira e trazer coisas bonitas para enfeitar a casa. um homem cheio de manias. um homem de sessenta anos que parecia ter dezesseis. um homem que morreu sem nunca ter lavado um prato na vida. um homem que queria almoço na mesa quando chegava. que ficava sentado no chão, de pijama, fumando e bebendo cafezinho em xícara de café grande. que tinha cabelo ralinho, bom de passar a mão. que lia luluzinha e bolinha. um homem que me amou muito. que teve tempo para mim. que me contou histórias, que me botou para dormir, que escolhia minhas roupas, que não me deixava ir ao cinema com as amigas e que não gostou quando eu comecei a namorar. e que tinha orgulho do que eu escrevia. que penteou o meu cabelo, um dia de tarde. que disse que eu era bonita.
um homem marcado a ferro, fogo e saudade no meu coração. mas acima de tudo, um homem: meu pai.
nem menos, nem mais. imperfeito, teimoso, maravilhoso, amado.
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