9.8.03

fiquei esta semana sem escrever porque o computador quebrou de novo. coisas de um bicho que ainda não foi domado? de vez em quando ele surta e eu fico muda por estas bandas.

msa é a semana do dia dos pais. a véspera. e eu fiquei meio apreensiva de passar essa data e eu não falar nada. mas aqui o dia dos pais - ou melhor, o dia do meu pai - é sempre.

para quem chegou agora, ele se chamava geraldo. teve um derrame aos 60, passou cinco anos em coma vigil (dorme, acorda, mas sem consciência e nem condições de se comunicar) e morreu. resumindo assim, não é nada. mas eu tinha 17 anos quando ele adoeceu, 23 quando ele morreu e até hoje ele faz falta.

e para não deixar de falar do assunto que movimentou o brasil esta semana, sim, me vi um pouco no jeito que roberto marinho falava do pai dele. aos noventa e tanto e o pai ali, pertinho. o jornal nacional falou em saudade de órfão. não, eu não me sinto órfã. meu pai não está aqui em pé ao meu lado e nem vai ganhar presente amanhã. mas como eu posso ser órfã se para mim ele não morreu?

ele está longe, um outro plano, outra realidade, está dormindo, não importa muito. porque ele está vivo em mim. na filha mais parecida, na filha mais nova. como está vivo em minhas irmãs.

então eu digo aqui as pequenas coisas que fizeram meu pai ser importante para mim. os pequenos detalhes de uma vida. que ele gostava de beber água misturada: um copo com metade de água gelada e metade de água do filtro. (água natural, ele dizia)

e é isso. porque a memória é fugidia e as palavras escritas não são.

feliz dia dos pais.