dor de cabeça. problemas. o que é pior é a sensação de inutilidade, pois certos problemas não se resolvem, são como aqueles problemas matemáticos que ficam séculos esperando que algum gênio resolva a equação.
queria papai agora, aqui, resolvendo tudo. mão de ferro neles, pai. mostra quem manda nessa budega, põe cada um no seu lugar e o lixo lá fora também. precisa fazer nada não, é só dizer que a gente obedece, alguns reclamando entre dentes mas obedecendo sim senhor.
ô deus, eu estou tão cansada, e só tenho 32 anos.
primeiro foi a inutilidade da revolta e a conformação engolida como mil sapos, ter que. odeio ter que. ter que me conformar, pois o senhor não ia acordar, levantar, pedir café nunca mais. nunca mais me trazer uma flor sem motivo. mas a gente acabou transformando, o poder dos 16 anos é transformar. então tome música no seu quarto, enfeite de natal, beijos e a adaptação das crianças ao novo avô.
foi uma loucura tão grande que o cachorro morreu.
mas tudo bem, a gente sobreviveu. entre mortos e feridos, a gente sobreviveu e tá pagando a conta. fred não pode dizer que tem dor de cabeça que eu tenho medo. acendem os alertas vermelhos, tá tonto? tá enjoado? como é essa dor, lateja? e isso tudo tentando parecer casual, dando a maior bandeira.
agradeço cada dia que fico longe de hospital.
sala de espera de uti é ante-sala de inferno. há uma solidariedade imensa entre os seres que habitam a ante-sala da uti. são amizades fortíssimas que duram o tempo do internamento, e umas até atravessam os portões do hospital. há choros, há risadas. tem sempre alguém que desanuvia o clima.
eu me sinto na sala de espera de uti pois mamãe piorou e eu não tenho coragem de ligar para casa e falar com ela. mas eu preciso porque ela precisa. mas eu não quero. mas eu tenho que. odeio ter que.
e a minha cabeça dói tanto. preciso fazer watsu. seria muito bom fazer watsu se eu conseguisse me desligar um pouco. porque aqui eu solto todo meu drama e extrapolo mesmo. mas do outro lado deste monitor eu sou contida. só notam o olhar mais triste, a boca meio caída.
ah, se tomar banho adiantasse. se rezar para nossa senhora da esperança. andei pensando até em ser budista. ou ir procurar quem me psicografasse uma carta de papai, só para receber um beijo. sei lá. eu não tou bem hoje. e ainda por cima é dia de faxina.
vou ocupar as mãos. vamos partir para arrumar a casa, já que arrumar o juízo é muito mais complicado.
queria papai agora, aqui, resolvendo tudo. mão de ferro neles, pai. mostra quem manda nessa budega, põe cada um no seu lugar e o lixo lá fora também. precisa fazer nada não, é só dizer que a gente obedece, alguns reclamando entre dentes mas obedecendo sim senhor.
ô deus, eu estou tão cansada, e só tenho 32 anos.
primeiro foi a inutilidade da revolta e a conformação engolida como mil sapos, ter que. odeio ter que. ter que me conformar, pois o senhor não ia acordar, levantar, pedir café nunca mais. nunca mais me trazer uma flor sem motivo. mas a gente acabou transformando, o poder dos 16 anos é transformar. então tome música no seu quarto, enfeite de natal, beijos e a adaptação das crianças ao novo avô.
foi uma loucura tão grande que o cachorro morreu.
mas tudo bem, a gente sobreviveu. entre mortos e feridos, a gente sobreviveu e tá pagando a conta. fred não pode dizer que tem dor de cabeça que eu tenho medo. acendem os alertas vermelhos, tá tonto? tá enjoado? como é essa dor, lateja? e isso tudo tentando parecer casual, dando a maior bandeira.
agradeço cada dia que fico longe de hospital.
sala de espera de uti é ante-sala de inferno. há uma solidariedade imensa entre os seres que habitam a ante-sala da uti. são amizades fortíssimas que duram o tempo do internamento, e umas até atravessam os portões do hospital. há choros, há risadas. tem sempre alguém que desanuvia o clima.
eu me sinto na sala de espera de uti pois mamãe piorou e eu não tenho coragem de ligar para casa e falar com ela. mas eu preciso porque ela precisa. mas eu não quero. mas eu tenho que. odeio ter que.
e a minha cabeça dói tanto. preciso fazer watsu. seria muito bom fazer watsu se eu conseguisse me desligar um pouco. porque aqui eu solto todo meu drama e extrapolo mesmo. mas do outro lado deste monitor eu sou contida. só notam o olhar mais triste, a boca meio caída.
ah, se tomar banho adiantasse. se rezar para nossa senhora da esperança. andei pensando até em ser budista. ou ir procurar quem me psicografasse uma carta de papai, só para receber um beijo. sei lá. eu não tou bem hoje. e ainda por cima é dia de faxina.
vou ocupar as mãos. vamos partir para arrumar a casa, já que arrumar o juízo é muito mais complicado.
<< Página inicial