9.10.10

eu estava no táxi, indo para algum lugar. no rádio, começou a tocar esta música, que meu pai gostava tanto e que eu cantava para ele.

comecei a cantar baixinho, quase sem voz, no banco de trás do táxi, andando pelo rio de janeiro, indo para algum lugar e as lágrimas caíram.

Disritmia
Martinho da Vila
Composição: Zé Katimba

Eu quero me esconder
Debaixo dessa sua saia
Prá fugir do mundo
Pretendo também me embrenhar
No emaranhado desses seus cabelos
Preciso transfundir seu sangue
Pro meu coração
Que é tão vagabundo...

Me deixa te fazer um dengo
Prá num cafuné
Fazer os meus apelos...

Eu quero ser exorcizado
Pela água benta
Desse olhar infindo
Que bom é ser fotografado
Mas pelas retinas
Desses olhos lindos
Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez com essa disritmia...

Vem logo
Vem curar seu nego
Que chegou de porre
Lá da boemia...


e meu pai nunca foi boêmio. não bebia nada, não sabia beber, não ia para bares com os amigos, que riam dele nas festas, bebendo guaraná enquanto os outros tomavam uísque. meu pai, que pedia cafuné enquanto eu cantava baixinho para ele.