16.8.03

um dia ele chegou e disse que eu já tinha 17, tava na hora de aprender a dirigir.

olhei bem nos olhos dele e disse que não queria, obrigada. não vou dirigir. não quero o senhor gritando comigo.

ele ficou pasmo. eu também.
mas ele ficava muito nervoso quando dirigia.
e dirigia contra as ordens dos médicos.
passava mal e parava o carro. abria a porta, ficava encostado, respirando fundo, esperando o remédio do coração fazer efeito.
muita gente o ajudou. lembro de um casal que o trouxe em casa.

mas era irresponsável, e isso eu digo com uma voz cheia de carinho. era irresponsável, só fazia o que queria. e matava a gente de preocupação.

e em viagens maiores ele cantava e me fazia rir.
"você me mata de rir fazendo có-ce-gas!!
e
"por ti, eu me esborracho todo, morena..."

não lembro de mais nada das músicas. eu era pequena, e era só ele dizer que ia cantar que eu já começava a gargalhar.