16.8.03

meu pai gravava fitas absurdas. foi uma das manias dele. aliás, ele era um homem de manias. teve a mania de fotografar, antes que eu nascesse (droga!).
ele comprou um curso por correspondência e até revelava. ainda sobraram uns slides comigo bebezinha. e ele se enchia de orgulho para dizer que tirou a foto do farol de tamandaré ligado em plena luz do dia.
simples: botou um filtro bem escuro na câmera e esperou o sol bater no ângulo certo. o farol refletiu a luz e na foto ele parecia aceso, de noite.

um gênio ;)

depois foram as fitas. meu deus, as fitas.

depois foi a vontade de escrever. se trancava no escritório (ô nome pomposo para o quarto da estante!) e escrevia horas e horas.

depois, quando comprou o vídeo, eram dez filmes por dia. ou quase. herdei o exagero dele ;)


mas as fitas. na mesma fita tinha "vermelho 27" com o nelson gonçalves e "a véia debaixo da cama"

e eu cresci ouvindo essas fitas e a série "a arte de". a arte de caetano, bethania, gal e elis.

em homenagem a doutor geraldo, a música que eu sei cantar até hoje: vermelho 27!


Vermelho 27
(Herivelto Martins e David Nasser)

Esse homem que hoje passa maltrapilho
Fracassado no seu traje furta cor
Um dia já foi homem, teve amigos
Teve amores, mas nunca teve amor
Soberano da roleta e da pista
Foi sua majestade, o jogador

Vermelho 27
Seu dinheiro mil mulheres conquistou
Vermelho 27
Seu dinheiro tanta gente alimentou
Um rio de champagne, sorrindo, derramou
E a sua mocidade em fichas transformou

Vermelho 27
Quando a sorte caprichosa o abandonou
Vermelho 27
Cada amigo num estranho se tornou

Os ossos do banquete
Aos cães ele atirou
A vida, a honra, tudo
Num lance ele arriscou

(falado) jogo feito! preto 17!

Deu preto 17
Nem um cão entre os amigos encontrou