16.8.03

incrível, isso. é só começar a escrever que as histórias voltam. e eu penso que falei tudo e preciso voltar correndo pro micro, para contar mais um pouquinho.

papai era um dos piores motoristas que existiram desde a invenção da roda.

certa vez, a gente vinha de carro de paudalho para recife, quando numa freada brusca ele conseguiu fazer quebrar três bandejas de ovos que estavam no banco de trás do carro.
não sobrou um ovo para contar história. o carro fedeu horrores. mamãe reclamou tanto que ele teve que vender.

a gente estava voltando da granja de um amigo dele, seu Virgínio, e ganhou os ovos de presente.


mas não foi só esse acidente. graças a Deus, nunca houve um acidente verdadeiro, só pequenos sustos.
papai não podia ver um buraco na estrada. capof o carro dentro.
outra vez foi o escapamento do carro que caiu no meio do caminho. paramos numa casinha no meio do nada, e as pessoas nos ajudaram. tenho pouca lembrança disso... lembro do cano de escape fazendo barulho ao bater no chão, e depois caindo de vez. de beber água num copo de barro, de ficar preocupada com o meu cachorro e de papai reclamando quando tudo aconteceu e depois agradecendo à família que nos ajudou e da viagem seguir quando já estava escuro.

e as pilastras do prédio, que a gente brincava dizendo que se afastavam na hora dele estacionar.

era fácil encontrar o carro dele estacionado na rua. o mais fora de ângulo possível. na hora dele fazer baliza eu ficava muda e quieta. ele gritava com quem tirasse a atenção dele. o que eu queria era ficar invisível...