6.12.03

a morte da irmã de uma amiga, aos 30 anos, num acidente, me fez pensar no meu pai.
e em como a nossa relação com morte é relativa.

o filho de uma colega de faculdade morreu antes de fazer um mês de vida, e foi cedo.
a irmã da minha amiga morreu aos 30, e foi cedo.
meu pai morreu duas vezes, a mente aos 60, o corpo aos 65. e foi cedo.

ao filho da colega a morte tirou uma vida inteira.
à irmã da amiga, tirou a plenitude da vida, deixando só a juventude para ela.
do meu pai foi tirado o colher dos frutos, o ser avô e tantas coisas que só conhecerei ao chegar à idade dele, se isso me for permitido.

e ainda assim, a minha avó deve ter pensado, ao partir com 94 anos, que ainda havia tanto para viver. por exemplo, conhecer os filhos que ainda não tive, e, com um pouco de sorte, ver os filhos das bisnetas.