conta a lenda da família que minha avó paterna teve preceptora francesa.
preceptora é mais que governanta e mais que professora particular.
isso só moça de família rica tinha.
donde se conclui: pai rico, filho nobre, neto pobre.
quando minha vó pôs meu vô prá fora de casa, a situação ficou difícil. tempos de pobreza, com os filhos mais velhos trabalhando para ajudar nas despesas. era pobreza, mas não era miséria: por mais apertos que passassem, sempre houve comida na mesa. meu tio Clóvis uma vez me disse que só tinha duas camisas para trabalhar: uma lavando, uma no corpo. e meu pai só ganhava sapatos no dia do aniversário, quando minha tia mais velha levava ele "no comércio".
meu pai uma vez quebrou o braço. subiu na árvore para pegar uma fruta (que árvore? eu sabia mas esqueci) e caiu. minha vó brigou com ele, ele chorando disse que tinha ido pegar uma fruta para dar para a mãe preta (não sei quem era).
engessaram o bichinho, daquele gesso que pega o tronco e espeta o braço engessado no ar. tio joãozinho era um dos irmãos mais velhos do meu pai e assustou o pobre, dizendo que iam serrar o braço dele fora na hora de tirar o gesso.
meu pai se trancou no banheiro e foi molhando o gesso até sair tudo.
quando minha vó viu o que ele fez, ele ficou de castigo.
esse tio joãozinho sempre foi fonte de problema pro meu pai. tanto que os dois ficaram sem se falar a vida quase toda. não sei bem de todas as situações que aconteceram, mas a pior foi quando minha mãe ficou grávida de mim, aos 40 anos. meu tio era médico e espalhou para a família inteira que eu iria nascer deficiente mental.
aí meu pai parou definitivamente de falar com ele. eu nunca conheci tio joãozinho, mas conheci uma filha dele.
quando eu e minhas irmãs tínhamos alguma discussão, sempre surgia a briga de papai e tio joãozinho. era um medo da minha mãe isso acontecer conosco.
quando meu vô morreu, tio joãozinho botou o anúncio no jornal, mas só botou o nome da minha vó e o dele. imaginem a briga em casa.
quando minha vó morreu, os filhos botaram um anúncio, tio joãozinho botou outro.
por aí vocês tiram a figura que ele era.
tio joãozinho morreu quando meu pai já estava em coma. pelo que eu sei, os dois nunca se falaram de novo nem fizeram as pazes.
preceptora é mais que governanta e mais que professora particular.
isso só moça de família rica tinha.
donde se conclui: pai rico, filho nobre, neto pobre.
quando minha vó pôs meu vô prá fora de casa, a situação ficou difícil. tempos de pobreza, com os filhos mais velhos trabalhando para ajudar nas despesas. era pobreza, mas não era miséria: por mais apertos que passassem, sempre houve comida na mesa. meu tio Clóvis uma vez me disse que só tinha duas camisas para trabalhar: uma lavando, uma no corpo. e meu pai só ganhava sapatos no dia do aniversário, quando minha tia mais velha levava ele "no comércio".
meu pai uma vez quebrou o braço. subiu na árvore para pegar uma fruta (que árvore? eu sabia mas esqueci) e caiu. minha vó brigou com ele, ele chorando disse que tinha ido pegar uma fruta para dar para a mãe preta (não sei quem era).
engessaram o bichinho, daquele gesso que pega o tronco e espeta o braço engessado no ar. tio joãozinho era um dos irmãos mais velhos do meu pai e assustou o pobre, dizendo que iam serrar o braço dele fora na hora de tirar o gesso.
meu pai se trancou no banheiro e foi molhando o gesso até sair tudo.
quando minha vó viu o que ele fez, ele ficou de castigo.
esse tio joãozinho sempre foi fonte de problema pro meu pai. tanto que os dois ficaram sem se falar a vida quase toda. não sei bem de todas as situações que aconteceram, mas a pior foi quando minha mãe ficou grávida de mim, aos 40 anos. meu tio era médico e espalhou para a família inteira que eu iria nascer deficiente mental.
aí meu pai parou definitivamente de falar com ele. eu nunca conheci tio joãozinho, mas conheci uma filha dele.
quando eu e minhas irmãs tínhamos alguma discussão, sempre surgia a briga de papai e tio joãozinho. era um medo da minha mãe isso acontecer conosco.
quando meu vô morreu, tio joãozinho botou o anúncio no jornal, mas só botou o nome da minha vó e o dele. imaginem a briga em casa.
quando minha vó morreu, os filhos botaram um anúncio, tio joãozinho botou outro.
por aí vocês tiram a figura que ele era.
tio joãozinho morreu quando meu pai já estava em coma. pelo que eu sei, os dois nunca se falaram de novo nem fizeram as pazes.
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