amando e dando vexame
meu pai já tinha morrido fazia um tempo. eu estava em maceió com amigas num bar com música ao vivo.
aquela história de amigas saindo de noite. muita risada, muita abobrinha, alguma paquera.
e o filhodaputa do saxofonista tocou naquela mesa.
e eu lá, sob o impacto.
meu pai gostava dessa música.
e eu lá, mantendo a pose, desmoronando por dentro.
e o cara tocando.
e minhas amigas notaram que eu estava estranha.
e o cara tocando
e eu abri o choro, na mesa, na frente de todo mundo.
chorei de soluçar, de ficar com a cara vermelha, os olhos inchados, o nariz entupido, esquecida de tudo à minha volta, só pensando na música e no meu pai e em mim sem ele o resto da vida.
de repente me levantei e corri pro banheiro. sentei no chão e continuei chorando.
até que o meu senso de ridículo me domou, como sempre.
mulheres que eu não conhecia me olhavam, espantadas.
uma amiga chegou ressabiada para falar comigo.
levantei, lavei o rosto, passei a mão no cabelo e tentei achar coragem para mostrar a cara de novo no restaurante. era óbvio que eu era a atração principal da noite.
sentei na mesa, bebi uma água, fingindo não notar que todo mundo olhava para mim: a louca chorona.
o saxofonista terminou de tocar outra música e veio falar comigo, saber o que tinha acontecido.
contei do meu pai, ele pediu desculpa.
o resto da noite eu esqueci.
meu pai já tinha morrido fazia um tempo. eu estava em maceió com amigas num bar com música ao vivo.
aquela história de amigas saindo de noite. muita risada, muita abobrinha, alguma paquera.
e o filhodaputa do saxofonista tocou naquela mesa.
e eu lá, sob o impacto.
meu pai gostava dessa música.
e eu lá, mantendo a pose, desmoronando por dentro.
e o cara tocando.
e minhas amigas notaram que eu estava estranha.
e o cara tocando
e eu abri o choro, na mesa, na frente de todo mundo.
chorei de soluçar, de ficar com a cara vermelha, os olhos inchados, o nariz entupido, esquecida de tudo à minha volta, só pensando na música e no meu pai e em mim sem ele o resto da vida.
de repente me levantei e corri pro banheiro. sentei no chão e continuei chorando.
até que o meu senso de ridículo me domou, como sempre.
mulheres que eu não conhecia me olhavam, espantadas.
uma amiga chegou ressabiada para falar comigo.
levantei, lavei o rosto, passei a mão no cabelo e tentei achar coragem para mostrar a cara de novo no restaurante. era óbvio que eu era a atração principal da noite.
sentei na mesa, bebi uma água, fingindo não notar que todo mundo olhava para mim: a louca chorona.
o saxofonista terminou de tocar outra música e veio falar comigo, saber o que tinha acontecido.
contei do meu pai, ele pediu desculpa.
o resto da noite eu esqueci.
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